ÓPERA EM OURO PRETO

By 30 de julho de 2019Notícia

DIAS 15, 16 E 17. ENTRADA FRANCA

Montagem inédita: Academia Orquestra Ouro Preto apresenta ópera no teatro mais antigo em funcionamento no Brasil

A Casa da Ópera de Ouro Preto recebe obra escrita em língua portuguesa há mais de dois séculos, uma raridade, nos dias 15, 16 e 17 de agosto com entrada franca

 

Na busca constante de valorizar nosso patrimônio imaterial e aproximar o público da música de concerto, a Academia Orquestra Ouro Preto apresenta nos dias 15, 16 e 17 de agosto, seu mais novo projeto, uma montagem inédita na Casa da Ópera de Ouro Preto (R. Brigadeiro Musqueira, 104). A peça “O Grande Governador da Ilha dos Lagartos”será encenada pela primeira vez no histórico teatro que completa 249 anos de história em 2019. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos no próprio teatro, a partir o dia 12 de agosto, das 14h às 18h.

O texto do compositor António José da Silva foi selecionado por duas razões. A primeira delas é o fato de ser uma das raras óperas escritas em língua portuguesa, a segunda é porque, em 2019, completam-se 280 anos da sua morte.

O palco escolhido para receber a peça foi o histórico prédio que abriga a Casa da Ópera de Ouro Preto, teatro mais antigo em funcionamento na América Latina. “Queremos que as pessoas sintam a história de outro jeito, ao assistir uma ópera no local que foi feito especialmente para esse tipo de espetáculo”, explica o Maestro Rodrigo Toffolo, regente da Orquestra desde sua fundação em 2000.

Os figurinos da montagem vêm de uma parceria firmada entre Toffolo e Eliane Parreiras, presidente da Fundação Clóvis Salgado. Os modelos fazem parte do acervo do Palácio das Artes e já foram utilizadas em mais de 80 espetáculos ao longo dos últimos 45 anos.

A Orquestra promove assim uma visita à história de forma viva e única, que permitirá ao espectador conhecer uma parte da cultura brasileira ligada à ópera, à literatura e ao teatro em um único espetáculo.

O novo projeto visa favorecer a formação de novos públicos a partir da versatilidade ao mesclar a música de concerto com o teatro, servindo como um impulsionador da popularização da arte. “O cenário é perfeito: a casa de ópera mais antiga do Brasil em funcionamento somado a um cenário, figurinos e todo um aparato tecnológico que levará o público a uma vivência realística do texto de Antônio José da Silva mesclado à versatilidade dos arranjos da Academia Orquestra Ouro Preto”, diz o maestro. Esta integração entre Ópera e Concerto vem confirmar a possibilidade de viabilização e produção de projetos musicais em diversos níveis e de diversas épocas pela Orquestra Ouro Preto, notadamente capaz de envolver o público contemporâneo.

 

A encenação

O projeto operístico será levado a cena com 32 integrantes entre atores, atrizes, figurantes e a orquestra, abordando o repertório barroco mesclado a práticas performáticas de todos os componentes.

A direção ficará por conta de Julliano Mendes, que destaca questões contemporâneas na montagem do espetáculo. Terá a presença dos solistas Carla Rizzi, como a Mulher e o Meirinho; Alberto Pacheco, como o cirurgião; Fabrizio Claussen, como Sancho Pança e Carlos Eduardo Vieira, como o médico. A Academia Orquestra Ouro Preto ficará na plateia, de forma que a peça será vista pelo público de forma única.

 

O autor

O texto “O Grande Governador da Ilha dos Lagartos” é uma obra do século XVIII de autoria do português António José da Silva, que foi um escritor e dramaturgo português nascido durante os anos de Brasil colônia na atual cidade de São João de Meriti, no Rio de Janeiro. Apesar de ter sido batizado no catolicismo, António José da Silva tinha origem judaica.

Devido à perseguição religiosa sofrida por sua família, mais especificamente por sua mãe, mudou-se com a família para Portugal no ano de 1712. Dessa forma, estudou direito na universidade de Coimbra, mas sempre cultivou interesse pela dramaturgia. Assim, no ano de 1726, escreveu uma sátira o que, na época, significou para as autoridades cristãs prática judaizante. Essa acusação levou-o à prisão e à tortura pela inquisição portuguesa.

Após ser posto em liberdade, praticou seu ofício de advogado por três anos e voltou a escrever pouco tempo depois, sendo considerado assim um dos maiores dramaturgos de sua época.

António José escrevia em sua grande maioria sátiras em que criticava os costumes da sociedade cristã portuguesa, utilizando referências à mitologia e a autores como Miguel de Cervantes. Seus textos continham diversas partes orquestrais importantes e conjuntos cantados, o que faz com suas peças sejam consideradas óperas.

Pela forma cômica como escrevia suas sátiras, fez inúmeros inimigos e assim, em 1737, foi denunciado como suspeito de judaísmo à Inquisição e preso no mesmo ano junto com a mãe, a tia, o irmão e sua esposa, que à época estava grávida. O autor morreu pela Inquisição em praça pública, no dia 19 de outubro de 1739.

Suas comédias foram encenadas em Portugal nos anos da década de 1730. Sua obra teatral inspirava-se no espírito e na linguagem do povo, rompendo com modelos clássicos e incorporando o canto e a música como elemento do espetáculo.

 

Academia Orquestra Ouro Preto

Inspirada pela vocação musical do estado e ciente das dificuldades de músicos e musicistas em seguir a carreira profissional no campo da música de concerto, a Orquestra Ouro Preto inaugurou, em março desde ano, a Academia Orquestra Ouro Preto. O projeto, que já nasceu como referência em Minas Gerais, é formado por instrumentistas entre 18 e 28 anos de idade que têm em comum a paixão pela música, enxergando nela um futuro promissor e porta de entrada para a transformação de realidades sociais por meio da cultura.

A ideia da Academia é aperfeiçoar e lapidar o talento de jovens violinistas, violistas, violoncelistas e contrabaixistas já iniciados, mas que encontram uma série de obstáculos para dar prosseguimento ao sonho de se tornarem profissionais, sobretudo, devido ao alto custo dos investimentos, o que acaba por afastar um grande número de pessoas com potencial e vivência necessária para se inserirem no mercado da música.

Com sede no Sesc Palladium, em Belo Horizonte e atividades semanais, a Academia conta, atualmente, com 22 alunos e alunas, de diferentes regiões do Estado, que participaram de um processo seletivo em janeiro último, com 149 candidatos inscritos. Os aprovados recebem uma bolsa no valor de R$700,00 por mês, além de material didático cedido gratuitamente, num formato inédito no que tange o incentivo para estudo e prática da música no país. As atividades são presenciais e ministradas por músicos e professores da Orquestra Ouro Preto.

Rodrigo Toffolo, diretor artístico, regente titular da Orquestra Ouro Preto e idealizador da Academia, aponta que a iniciativa foi construída sob o signo da inclusão, enfatizando os valores artísticos da Orquestra e sua forma de fazer música, que a elevaram ao status de uma das mais importantes e premiadas formações orquestrais do país. “A Academia é a materialização de um sonho antigo e mais um passo importante na história da Orquestra Ouro Preto. Queremos mostrar para esses jovens a música como modo de vida possível, e dar oportunidades de inserção no mercado, através de um trabalho prático e, sobretudo, humano. Uma maneira diferenciada de fazer música, algo que o público poderá apreciar nos concertos de estreia”, comenta Toffolo, lembrando da ansiedade dos alunos, especialmente aqueles que nunca tiveram a oportunidade de se apresentarem profissionalmente.

 

Maestro Rodrigo Toffolo

Rodrigo Toffolo é diretor artístico da Orquestra Ouro Preto desde sua fundação, em 2000, e assumiu a regência titular do grupo em 2007, após formação junto ao Maestro Ernani Aguiar, um dos maiores compositores e pesquisadores brasileiros em atividade. Doutorando em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e Mestre em Musicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rodrigo Toffolo imprimi na Orquestra uma visão ampliada de gestão e musicalidade, que ele gosta de conceituar como “excelência e versatilidade”.

 


Ficha Técnica

Regência: Maestro Rodrigo Toffolo
Direção Cênica: Julliano Mendes

Elenco teatral:
Adriana Maciel – Homem da Justiça e Médico
Alex Carvalho – Ofical de Justiça
Dalila Xavier – Taverneira e Mulher do casamento
Didito Camilo – Burro
Domingos Gonzaga – Sancho
Eduardo Miele – Homem do Burro e cirurgião
Frederico Contarini – Burro

Elenco musical:
Alberto Pacheco – Cirurgião
Carlos Eduardo Vieira – Médico
Carla Rizzi – Mulher do casamento e Oficial de Justiça
Fabricio Claussen – Sancho
Figurino: Fernanda Trópia, com peças gentilmente cedidas pela Fundação Clóvis Salgado
Assistência de figurino: Cecília Trópia
Cenário: Julliano Mendes e Galpão Cultural Sinhá Olímpia
Assistência de cenografia: Samuel Dângelo
Iluminação: Rick Campolim
Maquiagem: Daniel Ducato
Assistência de Maquiagem: Daniele dos Anjos

 


Academia Orquestra Ouro Preto apresenta a ópera “O Grande Governador da Ilha dos Lagartos”

Datas:15 a 17 de agosto, quinta a sábado

Horário:20h30

Local:Casa da Ópera de Ouro Preto (Rua Brigadeiro Musqueira, 68, Ouro Preto)

Atrações:Orquestra Ouro Preto

Ingressos:Entrada gratuita. Os ingressos serão distribuídos no próprio teatro, a partir do dia 12 de agosto, das 14h às 18h.

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